Foram várias as ocasiões, ao longo da história da Igreja, em que a assistência providencial da Virgem Maria fez com que os cristãos travassem o bom combate (cf. 2 Tm 4, 7) e guardassem intacto o "precioso depósito" da fé católica (2 Tm 1, 14).
Não
se contentando em deixar aos homens o seu digno exemplo de mãe e discípula de
Jesus, o Senhor presenteou a Sua Igreja com o dom inestimável do Santo Rosário.
No final do século XII, para vencer a influente heresia dos albigenses (de
matriz gnóstica, esta heresia chegava a negar a ressurreição de Jesus), São
Domingos de Gusmão recorreu ao auxílio de Nossa Senhora. "Insigne pela
integridade da doutrina, por exemplos de virtude e pelos seus labores
apostólicos", escreve o Papa Leão XIII, Domingos confiou "não na
força das armas, mas sobretudo na daquela oração que ele, por primeiro,
introduziu sob o nome do santo Rosário, e que, ou diretamente ou por meio dos
seus discípulos, depois divulgou por toda parte".
A
grandeza desta devoção, já profundamente enraizada no espírito dos católicos de
todo o mundo, reside especialmente em sua simplicidade. Nesta "escola de
oração" – como a chamou o Papa Francisco, no Angelus deste domingo –, os
cristãos são chamados a configurar-se de modo mais perfeito a Jesus Cristo,
meditando os mistérios de sua vida e haurindo deles a força para perseverar dia
a dia na fé.
Era
assim que o bem-aventurado João XXIII – cuja canonização se avizinha – ensinava
os católicos a rezarem o Santo Terço: "Na oração do rosário, aquilo que
conta é o movimento dos lábios em sintonia com a devota meditação de cada
mistério". Mais do que simplesmente recitar Pai Nossos, Ave Marias e
Glórias em uma "monótona sucessão das três orações" – o que, em
tempos de materialismo e irreligiosidade, já é louvável –, é importante que os
cristãos façam sempre alguns momentos de silêncio, a fim de realizar a oração
mental, sem a qual é impossível se santificar.
A
partir destas lições, não é difícil entender por que os neoprotestantes dentro
da Igreja estão totalmente equivocados quando dizem que o Rosário é uma oração
excessivamente mariana – ou, no seu dizer, "mariocêntrica". É claro
que as suas críticas são preocupações escrupulosas de quem teme ofender a Jesus
honrando Sua santíssima Mãe. No entanto, nem isto justifica que se acoime o
Santo Terço de "esquecer" ou "desprezar" Jesus. Basta rezar
com o mínimo de diligência o Santo Rosário para perceber que o centro de toda a
oração está na contemplação dos mistérios da vida de Jesus, desde a Sua
encarnação no seio da Virgem até a Sua gloriosa ascensão aos céus. As Ave
Marias são, sobretudo, coroas de rosas que se oferecem a Nossa Senhora, a fim
de ornar com a sublimidade da saudação angélica os pilares fundamentais de
nossa salvação.
A
memória de Nossa Senhora do Rosário, instituída no século XVI pelo Papa São Pio
V, é um retrato particularmente notável da força desta simples oração. Foi em
Lepanto, no dia 7 de outubro de 1571, que os fiéis combatentes católicos, com a
bênção do Santo Padre e a proteção da Virgem das Vitórias, venceram os turcos
muçulmanos, que estendiam seu domínio por grande parte da Europa. A vitória
rápida se deveu à grande confusão dos otomanos, que ficaram aterrorizados ao
vislumbrar, acima dos mastros da esquadria católica, a imagem de uma Senhora de
aspecto grandioso e ameaçador.
Assim
como triunfou na batalha de Lepanto, a Igreja militante é chamada a recorrer
continuamente à Mãe do Rosário, para vencer a guerra mais importante de todas –
a que diz respeito à salvação das almas. E, assim, no Céu, todos entoarão a
famosa frase que representou aquele grande combate marítimo: Non virtus, non
arma, non duces, sed Maria Rosarii victores nos fecit – Nem as tropas, nem as armas,
nem os combatentes, mas a Virgem Maria do Rosário é que nos deu a vitória
Por Equipe
Christo Nihil Praeponere
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